quarta-feira, 22 de julho de 2009

Pensamento Sociológico Brasileiro

No Brasil, o processo de formação, organização e sistematização do pensamento sociológico obedeceu as condições de desenvolvimento do capitalismo e à dinâmica própria de inserção do país na ordem capitalista mundial.
Refletindo, portanto, a situação colonial, a herança da cultura jesuítica e o lento processo de formação do Estado nacional. No período colonial, a cultura religiosa foi utilizada como um importante instrumento de colonização, posto que, a Ordem dos Jesuítas com sua filosofia universalista e escolástica durante três séculos exerceu o monopólio sobre a educação, o pensamento culto e a produção artística que no país à época se desenvolveram, introduzindo paralelamente um sistema misto de exploração do trabalho indígena que, combinado com o ensino religioso, agiu de modo a aniquilar gradativamente a cultura nativa, submetendo as populações escravas e distinguindo drasticamente as camadas cultas daquelas que realizavam o trabalho braçal. De forma que se pode afirmar que a cultura do Brasil colonial mantém e ostenta ao longo de sua vigência um caráter ilustrado, de distinção social e dominação.
No século XVIII, ocorre o surgimento e a influência das classes intermediárias, o desenvolvimento da mineração promove importantes transformações sociais, alterando a sociedade colonial que até então dividia-se em: donos de terra e administradores de um lado e escravos de outro. Surgindo ocupações novas: comerciantes, artífices, criadores de animais, funcionários da administração que controlavam a extração de minérios e sua exportação, e outras. A população livre passa a ser mais numerosa que a escrava. Essa camada intermediária livre e sem propriedades, torna-se consumidora da erudição e cultura européia, tentando distinguir-se tanto do escravo inculto como da elite colonial conservadora, contando para tanto, com o ensino praticado pelas ordens religiosas - caráter progressivo - estabelecidas em Minas Gerais a época.
No campo das artes plásticas, passam a ser notadas manifestações nacionais, por meio de um barroco original e uma música de técnica surpreendente; já no que tange ao campo científico, a produção mostra-se ainda muito pequena, predominando por sua vez, ainda o saber erudito, voltado para os estudos jurídicos.
No que tange ao século XIX, com a transferência da corte joanina para o Brasil em 1808, é introduzida na colônia a cultura portuguesa da época, resultante das influências do humanismo neoclassista francês e da produção cultural da Universidade de Coimbra. São fatos importantes e mencionados pela autora referentes à epoca: a criação da Academia de Belas Artes, a fundação da imprensa, o lançamento do primeiro jornal, a organização da primeira biblioteca nacional e dos primeiros cursos superiores, que em parte rompem com a cultura escolástica e literária anterior. Neste período também introduziu-se o instrumental prático destinado à formação e viabilização do aparelho administrativo do império, porém, ainda que voltada mais à praticidade, a cultura nacional continuava sendo alienada, ditada pelas formas européias, objetivando organizar o saber descritivo, funcional e ostentatório, bem como, garantir o domínio do poder imperial.
Os movimentos intelectuais e literários até meados do século XIX, apesar de tratarem de questões políticas e sociais, a terra e a nação surgiram apenas como objeto, como tema, nunca como pensamento crítico desenvolvido a partir das condições próprias da nação. Ou seja, a forma, assim como a linguagem, eram estrangeiras, só o motivo era nacional. Essa dicotomia entre a realidade vivida e o conhecimento produzido e consumido pela elite não só mantinha a prevalência do caráter ostentatório de uma cultura de elite, como caracterizava uma nova forma de alienação, responsável pelo tardio desenvolvimento da ciência no Brasil. Somente após 1870, sob pressão do que ocorria na Europa, que significativas mudanças irrompem na sociedade brasileira, mudanças essas que fundidas a ciclos econômicos decadentes provocaram a emergência do pensamento crítico que passa a ser apresentado de forma incisiva tanto na criação literária quanto na crítica social. É de grande importância para o desenvolvimento do pensamento sociológico brasileiro o desenvolvimento do capitalismo no país. O desenvolvimento das atividades comerciais e de exportação do início do século, com a formação da burguesia nacional, revolucionaram o modo de pensar da intelectualidade e da sociedade brasileira como um todo. Essa revolução decorre da necessidade da nova classe de um saber mais pragmático, menos vinculado a uma estrutura social herdada da colonização.
A partir de então, verifica-se uma tentativa de ruptura com a herança cultural do passado: procura-se combater o analfabetismo, homogeneizar os valores e o discurso, criar um sentimento de patriotismo que levasse a mudanças reais na estrutura social, repudiando todo traço de colonialismo, de atraso e importação cultural.
Mas apesar de podermos reconhecer que desde o final do século XIX, já se possa verificar no Brasil uma espécie de pensamento sociológico, desenvolvida por Euclides da Cunha, dentre outros, a sociologia entendida como atividade autônoma voltada para o conhecimento sistemático e metódico da sociedade, só irrompe na década de 30 do século passado, época em que o mundo liberal entrou em crise profunda e as relações econômicas internacionais mostraram suas contradições mais agudas, afinal, é no momento de crise que a crítica se desenvolve, sistematizando-se de maneira científica na sociologia.

Fonte:http://pt.shvoong.com/humanities/398358-forma%C3%A7%C3%A3o-pensamento-sociol%C3%B3gico-brasil/

Clássicos da Sociologia

A Sociologia Volta-se o tempo todo para os problemas presentes no cotidiano das sociedades. Seu objeto de estudo é o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os individuos em associações, grupos e instituições.
Cientificismo e organicismo A primeira corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico foi o positivismo. Seu primeiro representante foi Auguste Comte. Tinha a crença no poder exclusivo e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob forma de leis naturais. Seu conhecimento pretendia substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum por meio das quais – até então – o homem explicava a realidade. Essa tentativa de derivar as ciências sociais das ciências físicas é patente nas obras dos primeiros estudiosos da realidade social. O próprio Comte deu inicialmente o nome de “física social” às suas análises da sociedade, antes de criar o termo Sociologia. A própria sociedade foi concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionavam, harmonicamente, segundo um modelo físico ou mecânico. Por isso o positivismo também foi chamado de organicismo. Defendia o ponto de vista de somente serem válidas as análises das sociedades quando feitas com verdadeiro espírito científico. O positivismo exaltava a coesão social e a harmonia dos indivíduos em sociedade. Foram teorias que abriram as portas para uma nova concepção da realidade social com suas especificidades e regras.
Durkheim e os fatos sociais Para o filósofo francês Émile Durkheim, na vida em sociedade o homem defronta com regras de conduta que não foram diretamente criadas por ele, mas que existem e são aceitas na vida em sociedade, devendo ser seguidas por todos. Seguindo essas idéias, Durkheim afirma que os fatos sociais, ou seja, o objeto de estudo da Sociologia, são justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Esses fatos sociais têm duas características básicas que permitirão sua identificação na realidade: são exteriores e coercitivos. Exteriores, porque consistem em idéias, normas ou regras de conduta, foram criadas pela sociedade e já existem fora dos indivíduos quando eles nascem. Coercitivos, porque essas idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade. Se alguém desobedece a elas, é punido pelo resto do grupo. Outro conceito importante para Émile Durkheim é o de instituição. Para ele, uma instituição é um conjunto de normas e regras de vida que se consolidam fora dos indivíduos e que as gerações transmitem umas as outras. Ex.: a Igreja, o Exército, a família, etc. As instituições socializam os indivíduos, fazem com que eles assimilem as regras e normas necessárias à vida em comum.
Consciência coletiva Consciência coletiva trata-se do “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média de uma mesma sociedade” que “forma um sistema determinado com vida própria”.
Weber e a ação social Para o sociólogo alemão Max Weber a análise deve concentrar-se nos atores e em suas ações; a sociedade não é algo exterior e superior aos indivíduos, como para Durkheim. Para ele é qualquer ação que o indivíduo pratica orientando-se pela ação de outros. Só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações, com os demais. Ele estabelece quatro tipos de ação social: Tradicional: aquela determinada por um costume; Afetiva: aquela determinada por afetos; Racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante; Racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que estabelece fins e organiza meios necessários.
Marx e as classes sociais Diferentemente de Durkheim e Weber, Marx considerava que não se pode pensar a relação indivíduo-sociedade separadamente das condições materiais em que essas relações se apóiam. Para viver, os homens têm de, inicialmente transformar a natureza Para Marx, a produção é a raiz de toda a estrutura social. O objetivo maior de Marx era estudar a sociedade de seu tempo – a sociedade capitalista.A produção na sociedade capitalista só se realiza porque capitalistas e trabalhadores entram em relação. Marx considerava que há um permanente conflito entre essas duas classes – conflito que não é possível resolver dentro de sociedade capitalista. Para ele, a ciência tem um papel político necessariamente crítico em relação à sociedade capitalista.
A idéia de alienação Marx desenvolve o conceito de alienação mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção que se tornaram propriedade privada do capitalista. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade de classes esse Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta.